O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira uma linha de crédito emergencial de R$ 40 bilhões para que pequenas e médias empresas possam pagar salários dos seus trabalhadores por dois meses em meio à crise causada pelo coronavírus.
Inicialmente o Ministério da Economia havia sinalizado que permitiria a empresas suspender salários e que o governo compensaria o trabalhador pagando parte da remuneração suspensa.
No entanto, o presidente não disse se o governo ainda estuda essa medida, ou se haverá apenas a possibilidade de as empresas contraírem empréstimos para pagar salários.
Ao lado de Bolsonaro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que essa linha de crédito permitirá pagar até dois salários mínimos por trabalhador.
Segundo ele, a empresa terá que decidir entre bancar a diferença no caso das remunerações mais altas ou demitir.
“A empresa pode não complementar (a diferença do salário coberto pelo empréstimo). Agora, a empresa vai fazer uma anállise se quer manter o funcionário ou não. O nosso intuito é fazer com que a base dos funcionários permaneça e que diminua o custo para as empresas”, afirmou Campos Neto.
“Vale lembrar que hoje 45% do custo de uma empresa pequena e média é folha de pagamento e a gente está fornecendo recursos a um juros que eles nunca tiveram nem perto”, disse ainda.
Os juros desses empréstimos serão de 3,75% ao ano, com carência de seis meses para início do pagamento, e prazo de 36 meses. Segundo Campos Neto, não haverá cobrança de spread (parte do juros que remunera os bancos).
A linha de crédito foi criada em parceria com o setor privado, por meio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Dessa forma, o governo federal entrará com 85% dos recursos (R$ 34 bilhões) e os bancos privados com 15% (R$ 6 bilhões).
Poderão acessar essa linha emergencial empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões. O programa deve atender 1,4 milhão de empresas e 12,2 milhão de de pessoas.
Campos Neto explicou ainda que os bancos que operam as folhas de pagamento das empresas depositarão os recursos emprestados às companhias diretamente na conta dos trabalhadores.
“Entre as medidas já anunciadas pelo governo, de modo que nos possamos atender as possíveis vítimas do coronavírus, (há) também uma preocupação em manter os empregos. A gente costuma falar na segunda onda (de impacto da economia). Nós devemos o máximo possível diminuir a altura dessas duas ondas (de contágio da doença e de impacto na economia), e elas caminham juntas”, disse Bolsonaro, ao anunciar a medida.
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